... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Ele queria muito ser gerente. Um desejo que carregava no coração, como uma herança silenciosa do pai, um sonho que o acompanhava em cada passo. Quando a oportunidade finalmente chegou, ele mal podia conter a alegria. Foi até o túmulo do pai, dialogar com o silêncio. Levou consigo o peso da conquista, o orgulho estampado na postura ereta, no olhar firme. Naquele momento, era como se dissesse: "Pai, o menino que você sonhou, subiu o degrau que você tanto desejou."

 

E não era qualquer degrau. Ele estava em uma empresa de grande porte, uma multinacional. Lá, ele entregava o melhor de si, dia após dia, com dedicação e ética. O coração dele continuava grande, carregando generosidade, mas, às vezes, o peso do "não" que ele precisava dizer para processos duvidosos e caminhos obscuros o isolava. Nem todos entendiam quem ele realmente era.

 

Ele ajudou muita gente. Era o tipo de líder que estendia a mão sem esperar algo em troca. Contudo, com o passar do tempo, percebeu um respeito velado ao seu redor, um distanciamento que parecia carregar algo mais do que simples admiração. Talvez fosse reverência, talvez fosse o peso de estar onde poucos acreditavam que ele pudesse chegar.

 

Ele, no entanto, ainda não compreendia plenamente a dimensão do seu papel. Não percebia que era, sim, um destaque. Que havia se tornado mais do que apenas um líder – um exemplo. Um homem que saiu do chão de fábrica, do trecho árduo, e agora ocupava um lugar estratégico, um lugar de controle.

 

O menino que um dia sonhou, agora era o homem que outros admiravam. Mesmo que, em sua humildade, ele não se desse conta de que havia deixado de ser apenas parte do sistema para se tornar alguém que o transforma. Afinal, ele é a prova viva de que sonhos, trabalho duro e integridade podem levar longe – muito além de onde até ele mesmo achava que poderia chegar.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 28/01/2025
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