Às vezes, o que pesa não é o que foi dito, mas o que ficou no silêncio. A nossa comunicação nunca foi boa, e, em algum momento, ela se perdeu. Eu sei o momento, sei onde deixamos escorregar aquilo que nos conectava. Mas, ainda assim, todos os meus gestos continuam sendo de gostar, de querer. Continuam sendo sobre você. E é estranho, sabe? Porque eu tenho tanto a dizer. Está tudo aqui dentro, pronto para transbordar, mas as palavras travam. Parece que cada tentativa de falar se transforma em um muro, como se minha voz não fosse suficiente para traduzir o que sinto. Então eu escrevo, guardo as palavras no bolso, como se fossem um escudo. Ou talvez um último respiro de coragem.

Eu queria te dizer que não foi bom te ver. Mas isso é só o reflexo da expectativa que crio toda vez que estamos no mesmo espaço. Eu espero, imagino, crio cenários. E, inevitavelmente, tudo parece sair do meu controle. Você acaba ganhando de mim, porque quando estou perto de você, perco a narrativa. E, no fundo, isso me frustra, porque nunca é como eu quero. Mas, ao mesmo tempo, ser sua é bom demais. Toda vez que você me toma para você, o mundo lá fora desaparece. Eu sou só emoção, só entrega. Ser sua é como encontrar um porto seguro, mesmo que seja temporário, mesmo que seja apenas do nosso jeito. E, nesse caos que me move e me desconstrói, eu descubro o quanto você me faz sentir viva.

A vida tem esse jeito estranho de nos ensinar através do tempo, do silêncio, daquilo que não conseguimos controlar. Eu olho para você e vejo grandeza. Vejo degraus que você subiu sem perceber, passos dados com uma força que talvez nem você reconheça. E sei que há mais por vir. O que você deseja, o que você busca, está esperando por você no momento certo. Não no tempo que você imagina, mas no tempo em que você estará pronto para acolher o que merece.

Eu admiro você. Sua força, sua clareza, sua maneira de enxergar o mundo com racionalidade. O estoicismo que guia suas ações e pensamentos é um lembrete de que não controlamos o que nos cerca, mas controlamos como reagimos a isso. É isso que torna você tão grandioso: a capacidade de agir com propósito, mesmo quando tudo parece um turbilhão. E eu, do meu jeito desajeitado, quero que você saiba disso. Quero que você saiba que a emoção que sinto por você sempre foi verdadeira, mesmo quando me afastei, mesmo quando preferi o silêncio. Às vezes, sumir é a única maneira de proteger o que resta, de lidar com o que sobra quando as palavras não bastam.

“Foi do nosso jeito.” Essa frase carrega tanto. Tanto amor, tanta dor, tanta história que só nós entendemos. É bonito e amargo, como tudo o que é intenso na vida. Mas eu espero que, onde quer que você esteja, leve consigo a certeza de que isso foi único. E de que, mesmo à distância, eu sempre vou carregar você comigo.

Então, fica bem. Porque, mesmo quando eu me for, as vezes que eu pude ser sua, eu fui.