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A Felicidade como Plenitude no Pensamento de Clóvis de Barros Filho

 

Introdução

 

A busca pela felicidade é um tema que atravessa séculos de reflexão filosófica. Desde Aristóteles, com sua concepção de eudaimonia, até pensadores contemporâneos, como Clóvis de Barros Filho, a felicidade é compreendida como uma experiência de plenitude e significado. Neste artigo, exploraremos como Clóvis aborda o tema da felicidade, conectando seu pensamento com a tradição filosófica e analisando sua relevância no contexto atual.

 

Clóvis de Barros Filho, professor e divulgador de filosofia, é reconhecido por sua habilidade em traduzir conceitos filosóficos complexos para a linguagem cotidiana. Em suas obras, ele não apenas reflete sobre a felicidade como um estado momentâneo de completude, mas também dialoga com autores como Aristóteles, Nietzsche e Heidegger. Este artigo busca explorar essas conexões e demonstrar como a felicidade, segundo Clóvis, é mais do que uma busca incessante — é um instante vivido com autenticidade.

 

A Felicidade como Plenitude

 

Para Clóvis de Barros Filho, a felicidade não é uma conquista duradoura ou um objetivo final, mas sim um momento de plenitude, no qual "nada nos falta" (A Vida Que Vale a Pena Ser Vivida, 2009). Essa definição se alinha à ideia aristotélica de eudaimonia, que compreende a felicidade como a realização plena das potencialidades humanas, alcançada pela prática da virtude e pelo alinhamento com o propósito de vida.

 

Segundo Aristóteles, a felicidade está intrinsecamente ligada ao viver bem e ao fazer o bem (Ética a Nicômaco). Clóvis resgata essa visão ao enfatizar que a felicidade é mais sobre qualidade de vivência do que sobre a posse de bens ou status. Ele escreve que "felicidade não é o acúmulo de prazeres momentâneos, mas a vivência autêntica de um instante em que nos sentimos inteiros" (Somos Todos Canalhas, 2014).

 

Ética e Autenticidade

 

Outro pilar central no pensamento de Clóvis é a autenticidade. Para ele, ser autêntico significa viver de acordo com aquilo que se considera essencial, evitando a alienação por padrões impostos socialmente. Essa visão encontra eco no pensamento de Nietzsche, que criticava as "moralidades de rebanho" e exaltava o espírito livre que cria seus próprios valores (Assim Falou Zaratustra).

 

Em Somos Todos Canalhas, Clóvis argumenta que a ética não deve ser vista como um conjunto de regras, mas como uma prática constante de reflexão e escolhas alinhadas com os próprios valores. Essa postura ética, segundo ele, é um caminho para a felicidade, pois permite que cada indivíduo viva em coerência com seu próprio ser.

 

O Valor do Momento Presente

 

Clóvis também destaca a importância de estar presente no momento e de vivê-lo intensamente. Para ele, a felicidade só pode ser experimentada no presente, quando estamos totalmente conectados àquilo que estamos fazendo. Essa ideia se relaciona com a concepção de temporalidade de Heidegger em Ser e Tempo, na qual o ser humano só encontra autenticidade ao reconhecer sua finitude e viver o presente de forma significativa.

 

No livro A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade (2017), Clóvis afirma que a felicidade é um "momento em que nos entregamos ao que fazemos, sem esperar nada além do que o presente nos oferece". Esse posicionamento reflete uma crítica à busca incessante por um futuro idealizado, que muitas vezes nos distancia da experiência plena do agora.

 

Conclusão

 

A felicidade, segundo Clóvis de Barros Filho, é uma experiência subjetiva e momentânea, profundamente conectada à autenticidade e à vivência do presente. Suas reflexões dialogam com a tradição filosófica, especialmente com Aristóteles, Nietzsche e Heidegger, oferecendo uma visão contemporânea e prática para um tema que continua a instigar a humanidade.

 

Ao compreender a felicidade como plenitude, Clóvis nos convida a refletir sobre nossas escolhas, nossos valores e a maneira como vivemos o momento presente. Mais do que um ideal inalcançável, a felicidade é um instante vivido com intensidade e significado — um momento em que somos inteiros.

 

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Referências Bibliográficas

 

BARROS FILHO, Clóvis de. A Vida Que Vale a Pena Ser Vivida. Vozes, 2009.

 

BARROS FILHO, Clóvis de; MEUCCI, Arthur. Somos Todos Canalhas. Vozes, 2014.

 

BARROS FILHO, Clóvis de. A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade. Planeta, 2017.

 

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Martins Fontes.

 

NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. Companhia das Letras.

 

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Vozes.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 18/01/2025
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