Eu queria um abraço dele ontem logo que chegou. Mas aí ele veio com aquela conversa que estava cansado da viagem. Como se fosse a primeira viagem da vida dele! Logo ele. Homem do trecho.

Homem que está em todos os lugares em simultâneo.

É. Eu queria. Eu queria vê-lo. Me unir aos braços. E ficar quietinha. Mas... Ele... Ele preferiu dormir. Ele é o tipo de homem que... A gente não deve se apaixonar.

É o tipo de homem que precisa ficar só. Ou só ter mulheres por uma noite. Um prazer aqui, um prazer ali. Alguém para conversar. E acabou.

Mas eu o amo. Mas eu não me permito e fujo e quero e afasto e me protejo.

E aí eu sou a pessoa mais cruel do mundo. Mais comigo do que com ele. Porque ele...

Ele tem pessoas. Para ouvir.

Ele tem pessoas para brigar.

Ele tem pessoas para cobrar.

Mas de mim... De mim não.

De mim ele não há o quê cobrar.

De mim ele não há o quê  brigar.

De mim ele só chega na calada da noite, de madrugada. Invade meu apartamento. Toma um banho. Depois me come. E vai embora, antes de sol sair.

Frustrada? Sim. Quando ele vai embora, a frustração vem. É um amor que eu não desejo para ninguém.