... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Outro dia, no universo corporativo, assisti a uma dinâmica que me fez questionar os rumos da liderança. Imagine a cena: o diretor, sempre ocupado com as grandes decisões estratégicas, resolveu que não precisava confiar nos líderes intermediários. "Por que passar pelos gerentes?", pensou ele. "Vou direto ao ponto." E assim, nasceu o diretor-bebezão.

 

Com a melhor das intenções – ou talvez com aquela ansiedade de quem quer controlar tudo – o diretor começou a ligar diretamente para os membros da equipe. Não importava o nível hierárquico. Tinha dúvidas sobre um relatório? Chamava o analista. Precisava de algo no projeto? Ia direto no estagiário. Enquanto isso, o gerente ficava olhando de longe, perdido, como uma babá que acabou de perceber que o bebê fugiu do berço.

 

E o caos, claro, não demorou a aparecer.

 

A equipe, acostumada a reportar ao gerente, começou a ficar confusa. Pela manhã, seguiam as orientações do gerente. À tarde, recebiam as ordens do diretor-bebezão, que, apesar de bem-intencionado, não fazia ideia das prioridades reais da operação. O gerente, coitado, tentava reorganizar a bagunça, mas como alinhar prazos e tarefas quando o "chefe de tudo" pulava direto na linha de frente como uma criança querendo brincar de CEO?

 

Enquanto isso, o diretor, feliz com sua "agilidade" na comunicação, não percebia o estrago. Achava que estava no controle, mas, na verdade, estava correndo em círculos, acumulando problemas e dúvidas que ele mesmo criava. A equipe já não sabia mais se atendia o gerente, o diretor ou o entregador de café, porque, a essa altura, qualquer um poderia ser a próxima figura de autoridade a dar ordens.

 

Foi aí que percebi: o diretor não era um estrategista guiando sua organização. Ele era um bebezão corporativo, pulando etapas, gritando para todos e esperando que o mundo resolvesse seus problemas.

 

Mas o que o diretor-bebezão não entendeu é que liderança não é sobre saber tudo ou estar em todos os lugares. É sobre confiar nas pessoas certas para fazer as coisas certas. É o gerente que ajusta as engrenagens e garante que a máquina funcione. Quando o diretor ignora isso, ele não só sabota sua equipe, mas também transforma a liderança em uma creche.

 

E, no final das contas, não importa quantos atalhos o diretor tente, sem um gerente forte no comando, ele só vai continuar perdido – como uma criança que correu demais e esqueceu o caminho de volta para casa.

 

Moral da história: diretor não é babá, e gerente não é brinquedo. Cada um no seu lugar, ou o caos vira nosso chefe!

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 11/01/2025
Alterado em 17/01/2025
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