... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Nietzsche, o Amor Proibido e a Força Vital

Texto 04, curso de Filosofia.

 

Amor proibido? Eis uma invenção dos fracos, dos que temem a vida em sua plenitude e criam muros onde deveriam haver pontes. O amor, assim como toda expressão do espírito, é uma força que não se curva a convenções morais, normas sociais ou à pequena moralidade do rebanho. Chamam de proibido aquilo que não compreendem, aquilo que escapa à moral dos escravos, feita para castrar os instintos mais elevados.

 

Amar nas sombras é um jogo perigoso, mas não porque seja errado — errado é viver em função do olhar alheio, da aprovação de juízes invisíveis. O verdadeiro amor não mendiga testemunhas, não busca "igualdade de condições". Que igualdade pode haver entre dois espíritos singulares? O amor é desigual, assim como toda força da vida. Ele é domínio, troca de poder, fogo que consome e cria. Amar é viver além do bem e do mal, sem se preocupar se o mundo aceita ou rejeita.

 

Aqueles que perseguem o "amor proibido" estão em busca de algo que transcenda o ordinário, mas muitos se perdem no meio do caminho. Confundem paixão com fraqueza, confundem transgressão com liberdade. Não percebem que, na verdade, estão presos a um ressentimento infantil contra a moralidade que os formou. Procuram no outro a adrenalina de viver o que não têm coragem de reivindicar para si mesmos. Isso não é amor — é fraqueza disfarçada de ousadia.

 

O amor verdadeiro não teme o julgamento, pois ele não pertence ao mundo pequeno das regras. Ele é a expressão do espírito que diz "sim" à vida, que abraça o caos e o transforma em criação. Amar é risco, sim, mas o maior risco é viver uma existência morna, sem paixão, sem desafio, sem a embriaguez que só o grande amor pode oferecer. Que seja fogo, que seja destruição, que seja criação — mas que seja vivido com a intensidade de quem carrega dentro de si o espírito do Übermensch.

 

Por isso, eu digo: o amor não é proibido, mas a covardia o faz parecer assim. É preciso coragem para amar. Coragem para abandonar o rebanho, para recusar o conforto das regras, para viver no limite do possível e então superá-lo. Amar é criar a si mesmo, é afirmar a vida em todas as suas dimensões. Tudo o que não é isso é apenas um simulacro, uma desculpa para fugir do abismo do ser.

 

Então, não me falem de amor proibido — falem de um amor que desafia, que eleva, que consome e transforma. Pois esse, e somente esse, é digno de ser chamado de amor.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 15/12/2024
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