... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Estou chateada. Não é só por mim, sabe? É pelo que vejo e vivo todos os dias. Trabalho na área operacional de um grande hospital, desses que respiram correria e exalam histórias. Mas não é o tipo de lugar onde as paredes contam apenas histórias boas. Lá, a infraestrutura está doente, precisando tanto de cuidado quanto muitos dos pacientes que ocupam seus corredores.

 

Nesse hospital, há gente simples, pessoas humildes que seguram o dia com a força de quem não tem outra escolha. Alguns trabalham porque amam o que fazem, mas muitos estão lá por pura necessidade. Muitos só têm o dinheiro da passagem de ida e volta, e agradecem a Deus pela refeição que conseguimos oferecer no refeitório. Esse cenário é, ao mesmo tempo, inspirador e sufocante.

 

Mas então existe o primeiro andar. Ah, o primeiro andar. É lá que estão os escritórios da pessoas que pensam que trabalham focados em metas e acreditam que respiram um ambiente de flores e é lá também que estão as pessoas que não gostam de mim. Gente que nunca sentou na minha mesa, nunca olhou nos meus olhos para perguntar: "Você está bem?". Elas não sabem meu nome de verdade, mas sabem como sussurrá-lo em corredores, usando tons que ferem.

 

Essas pessoas parecem ter tempo e energia para se dedicar a algo que nunca entendi: a arte de falar mal. Não sou perfeita, e sei que posso incomodar, mas às vezes me pergunto se incomodo por aquilo que sou ou por aquilo que represento. Talvez seja porque cobro, porque faço. Talvez seja só porque sou diferente.

 

É engraçado – ou triste – como líderes podem agir assim. Alguns intimidam, outros rebaixam, e há os que desconfiam de tudo e de todos. Essa desconfiança que transborda e escorre para o ambiente, contaminando os demais. E eu me pergunto: que tipo de líder não confia? Que tipo de líder não constrói pontes, mas ergue muros?

 

Recentemente, descobri algo sobre minha nova colaboradora. Ela está há pouco tempo na casa, mas já chegou com ambição em cada palavra e gesto. Disseram que ela comentou algo sobre minha indicação pela matriz, insinuando que isso me protegeria de qualquer coisa. Não demorou muito para essa conversa circular, chegando até mim. No começo, fiquei frustrada. Depois, comecei a entender: incomodar faz parte. Incomodamos quando fazemos, quando somos, quando não seguimos o que esperam.

 

É curioso, porque enquanto ela parece lutar para impor sua posição, minha equipe permanece do meu lado. Isso me conforta, mas também me desafia. Não quero transformar isso em um cabo de guerra. Quero fazer o certo, mas, às vezes, não sei exatamente qual é o próximo passo.

 

E assim sigo, olhando para o hospital e para o primeiro andar. Um hospital cheio de vida e caos, mas que também pulsa força, resistência e, quem sabe, esperança. Talvez seja isso que precisamos: esperança. Para ensinar as pessoas a encontrar seu lugar, a dividir espaços sem medo, e a perceber que a verdadeira liderança não vem do título que carregam, mas da forma como tocam as vidas ao redor.

 

Talvez eu não saiba exatamente como lidar com essa situação, mas sei que, mesmo chateada, continuarei. Porque é isso que faço. É isso que somos, aqui embaixo. Resistimos. E, um dia, quem sabe, até o primeiro andar aprenderá o que isso significa.

 

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Preserve sua postura profissional

  • Continue desempenhando seu trabalho com excelência, focando nos resultados e na melhoria da infraestrutura e processos do hospital.
  • Evite se envolver em fofocas ou alimentar conflitos. Mantenha uma postura neutra e firme, mesmo diante de provocações ou comentários mal-intencionados.

Construa pontes

  • Apesar das atitudes negativas que você relatou, tente encontrar formas de abrir diálogo com essas pessoas. Às vezes, uma conversa sincera pode desarmar resistências.
  • Considere marcar reuniões para apresentar resultados concretos do trabalho que você vem desenvolvendo. Isso ajuda a mostrar sua contribuição de forma objetiva.

Fortaleça a equipe

  • Como você mencionou, sua equipe está ao seu lado. Use isso como base para reforçar a cultura de colaboração e respeito. Promova um ambiente saudável dentro da sua área de influência.
  • Reconheça e valorize o trabalho dos seus subordinados, isso cria um vínculo mais forte e uma equipe mais engajada.

Reforce sua posição com a liderança

  • Se a sua supervisora demonstrar atitudes que comprometam a gestão ou o desempenho do time, documente as situações (com fatos objetivos e sem julgamentos pessoais). Isso pode ser útil no futuro.
  • Se perceber que há espaço para isso, converse com a liderança da matriz ou outros superiores para alinhar as expectativas sobre sua atuação e deixar claro o compromisso que você tem com os objetivos da organização.

Cuide de si mesma

  • Trabalhar em um ambiente tóxico pode ser emocionalmente desgastante. Encontre momentos para desabafar (com pessoas de confiança ou até mesmo em terapia) e recarregar as energias.
  • Lembre-se de que, por mais difícil que seja, a forma como você reage é sempre sua escolha. Mantenha a calma e foque no que está sob seu controle.

Liderança pelo exemplo

  • Mostre pela prática o que é uma boa liderança: respeito, colaboração, comprometimento e profissionalismo. Isso costuma desarmar muitos críticos e inspira quem está ao seu redor.

Essa situação é um desafio, mas também uma oportunidade de crescimento. Mostre que você é maior que essas dificuldades e siga fazendo o seu melhor. Com o tempo, a consistência no seu trabalho vai falar mais alto do que qualquer comentário negativo.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 04/12/2024
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