Estou chateada. Não é só por mim, sabe? É pelo que vejo e vivo todos os dias. Trabalho na área operacional de um grande hospital, desses que respiram correria e exalam histórias. Mas não é o tipo de lugar onde as paredes contam apenas histórias boas. Lá, a infraestrutura está doente, precisando tanto de cuidado quanto muitos dos pacientes que ocupam seus corredores.
Nesse hospital, há gente simples, pessoas humildes que seguram o dia com a força de quem não tem outra escolha. Alguns trabalham porque amam o que fazem, mas muitos estão lá por pura necessidade. Muitos só têm o dinheiro da passagem de ida e volta, e agradecem a Deus pela refeição que conseguimos oferecer no refeitório. Esse cenário é, ao mesmo tempo, inspirador e sufocante.
Mas então existe o primeiro andar. Ah, o primeiro andar. É lá que estão os escritórios da pessoas que pensam que trabalham focados em metas e acreditam que respiram um ambiente de flores e é lá também que estão as pessoas que não gostam de mim. Gente que nunca sentou na minha mesa, nunca olhou nos meus olhos para perguntar: "Você está bem?". Elas não sabem meu nome de verdade, mas sabem como sussurrá-lo em corredores, usando tons que ferem.
Essas pessoas parecem ter tempo e energia para se dedicar a algo que nunca entendi: a arte de falar mal. Não sou perfeita, e sei que posso incomodar, mas às vezes me pergunto se incomodo por aquilo que sou ou por aquilo que represento. Talvez seja porque cobro, porque faço. Talvez seja só porque sou diferente.
É engraçado – ou triste – como líderes podem agir assim. Alguns intimidam, outros rebaixam, e há os que desconfiam de tudo e de todos. Essa desconfiança que transborda e escorre para o ambiente, contaminando os demais. E eu me pergunto: que tipo de líder não confia? Que tipo de líder não constrói pontes, mas ergue muros?
Recentemente, descobri algo sobre minha nova colaboradora. Ela está há pouco tempo na casa, mas já chegou com ambição em cada palavra e gesto. Disseram que ela comentou algo sobre minha indicação pela matriz, insinuando que isso me protegeria de qualquer coisa. Não demorou muito para essa conversa circular, chegando até mim. No começo, fiquei frustrada. Depois, comecei a entender: incomodar faz parte. Incomodamos quando fazemos, quando somos, quando não seguimos o que esperam.
É curioso, porque enquanto ela parece lutar para impor sua posição, minha equipe permanece do meu lado. Isso me conforta, mas também me desafia. Não quero transformar isso em um cabo de guerra. Quero fazer o certo, mas, às vezes, não sei exatamente qual é o próximo passo.
E assim sigo, olhando para o hospital e para o primeiro andar. Um hospital cheio de vida e caos, mas que também pulsa força, resistência e, quem sabe, esperança. Talvez seja isso que precisamos: esperança. Para ensinar as pessoas a encontrar seu lugar, a dividir espaços sem medo, e a perceber que a verdadeira liderança não vem do título que carregam, mas da forma como tocam as vidas ao redor.
Talvez eu não saiba exatamente como lidar com essa situação, mas sei que, mesmo chateada, continuarei. Porque é isso que faço. É isso que somos, aqui embaixo. Resistimos. E, um dia, quem sabe, até o primeiro andar aprenderá o que isso significa.
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Preserve sua postura profissional
Construa pontes
Fortaleça a equipe
Reforce sua posição com a liderança
Cuide de si mesma
Liderança pelo exemplo
Essa situação é um desafio, mas também uma oportunidade de crescimento. Mostre que você é maior que essas dificuldades e siga fazendo o seu melhor. Com o tempo, a consistência no seu trabalho vai falar mais alto do que qualquer comentário negativo. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 04/12/2024
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