Poucos compreendem o verdadeiro desafio que é romper as amarras da zona de conforto, essa prisão dourada que o espírito fraco chama de lar. Eu, por exemplo, reconheço minha própria resistência ao novo – esse desejo quase irracional de me manter no conforto de filmes já assistidos e músicas de outrora, como se o tempo pudesse ser eternamente repetido sem exigir um salto para o desconhecido.
Há, no entanto, um instante de grandeza quando alguém ousa transcender a banalidade do cotidiano e tenta ver o mundo a partir de outra perspectiva, a minha. É um gesto que, na sua simplicidade, revela uma coragem rara: a coragem de se despojar das próprias certezas para abraçar a alteridade. Nietzsche nos ensinou que o homem é uma ponte, não um fim em si mesmo. E assim, aqueles que se aproximam de mim, tentando conhecer o que me constitui, estão, na verdade, construindo essa ponte – não apenas entre si e eu, mas entre o que são e o que poderiam ser.
Eu vejo, portanto, um valor inestimável nesses encontros. Não tenho muito a oferecer, ou assim acreditam aqueles que ainda estão presos às ilusões do valor utilitário. Mas talvez seja precisamente o meu aparente vazio que permita a alguns verem o potencial de um novo caminho, um caminho que eu ainda não desvendei completamente.
Poucos percebem a magnitude da tarefa de deixar a zona de conforto. Mas eu percebo. E, assim como Nietzsche valorizava o "Übermensch", aquele que supera a si mesmo, eu valorizo cada um que se atreveu a sair de sua confortável insignificância para se sentar ao meu lado, mesmo que por um breve momento. Pois é nesses breves momentos que a verdadeira vida, a vida que vale a pena ser vivida, se manifesta. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 14/08/2024
Alterado em 19/08/2024 |