![]() Depois que vi a calcinha dela no varal, desanimei! Mais fui ao inferno e gostei. (Exercício tema calcinha, igreja)Sempre a vi como a imagem do recato — dessas meninas de igreja que parecem ter sido moldadas entre salmos e sorrisos contidos. Doce, discreta, de roupas comportadas e voz que quase sussurra.
Eu estava certo de que ela era minha promessa. A festa da igreja seria o altar onde eu declararia meu desejo limpo, meu sentimento puro. E ela sabia. Disseram a ela que eu iria me declarar, e ela respondeu que estava ansiosa.
Mas foi na terça, numa visita inocente para devolver um livro, que tudo começou a escorrer pelos dedos da minha ideia de santidade.
Ela me ofereceu água. Entrei. Enquanto enchia o copo na pia, vi pelo reflexo da janela a peça balançando no varal: uma calcinha. Mas não qualquer uma. Uma daquelas rendadas, pequenas, vermelhas, quase indecentes. Quase um convite.
Meu estômago revirou. Naquela casa só moram ela, o pai e a avó de quase noventa. Não havia dúvidas. Aquela peça era dela. E doeu. Doeu porque desmontava a fantasia da menina santa. Doe porque despertava outra imagem, muito mais carnal, muito mais minha.
Na igreja, nos dias seguintes, tentei disfarçar. Ela notou meu silêncio. Perguntou se eu estava bem. Eu menti — disse que era dor de cabeça. Mas era outra dor: uma que fervia por dentro, que confundia moral com desejo.
No dia da festa, ela apareceu como uma visão de pecado bem vestido. Saia justa até o joelho, blusa de renda rosa. Os cabelos levemente presos, e aquele perfume — aquele perfume que me invadiu feito oração blasfema.
Na hora do pedido, eu tremia. Falei. E ela sorriu.
Sem dizer uma palavra, colocou as mãos nos joelhos, levantou-se diante de mim e, com a graça de quem serve algo sagrado, enfiou os dedos sob a saia e tirou lentamente a calcinha bege, grande, recatada, como quem tira uma máscara.
Depois, com a mesma delicadeza, levantou levemente a barra da saia e mostrou... Era ela. A calcinha vermelha do varal. Renda fina, provocação cravada em pele clara.
— Esperei tanto pra usar a calcinha que meu varão merecia — sussurrou com os olhos brilhando. — Prometo te levar aos céus todos os dias... pra agradecer a Deus.
Meu corpo inteiro incendiou. Senti a cueca estourar por dentro das calças. Ela pousou as mãos sobre minhas pernas como quem reza, e eu encostei o rosto no pescoço dela, no cheiro dela, no desejo dela.
Ali, percebi: Nem todo céu é puro. Nem todo inferno arde em castigo. Às vezes, o diabo veste renda... e ora contigo, antes de te fazer perder o juízo. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 10/12/2023
Alterado em 10/05/2025 Copyright © 2023. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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