A trégia com os bilionários a bordo do Titan da OceanGate certamente desperta questionamentos sobre a necessidade de explorar as profundezas oceânicas que guardam almas e histórias tristes. Nessa aparente busca pela emoção e exclusividade, o que leva pessoas ricas a se submeterem a esse tipo de passeio?
A OceanGate alegou que os custos dessa expedição seriam extremamente elevados, justificando assim a abertura de oportunidade para bilionários interessados em fazer parte dessa jornada única. Quatro indivíduos abraçaram essa oportunidade e pagaram um milhão e duzentos mil reais cada. Mas é difícil ignorar o fato de que essa cifra exorbitante poderia ter sido utilizada em investimentos mais nobres, como a solução de problemas sociais urgentes ou mesmo na preservação dos oceanos.
O argumento de que apenas uma seleção limitada de pessoas poderá participar dessa aventura e presenciar a história de perto soa como uma desculpa para a exclusividade que o dinheiro pode comprar. Se considerarmos que o oceano profundo é um local repleto de mistérios e belezas naturais, é de se questionar por que essa experiência precisa ser restrita apenas a uma elite privilegiada.
Ao invés de permitir que ricos se deleitem com o impacto visual de guardar almas e histórias tristes, talvez fosse mais justo e significativo abrir essa oportunidade para pesquisadores, cientistas e até mesmo para pessoas que lutam diariamente para preservar o meio ambiente e enfrentam de perto as consequências de nossas ações irresponsáveis.
Além disso, o fato de que a expedição se sustenta financeiramente pela participação de bilionários é um exemplo claro da elitização da ciência e da exploração. Deveríamos estar promovendo a democratização do conhecimento e garantindo o acesso igualitário a descobertas e experiências que possam enriquecer a todos.
A tristeza e as histórias que se escondem nas profundezas oceânicas certamente são dignas de atenção e estudo. Entretanto, é lamentável que tais expedições sejam colocadas à venda, disponíveis apenas para aqueles com recursos para pagar milhões de reais por um passeio luxuoso.
Enquanto milhares de pessoas lutam para sobreviver e têm seus direitos negados, ver a riqueza ser canalizada para esse tipo de exploração supérflua é um exemplo ultrajante de desigualdade e falta de prioridades. Como sociedade, devemos repensar nossos valores e nos esforçar para garantir que oportunidades desse tipo sejam igualmente acessíveis a todos, de forma ética e sustentável.