🦋⚘E de repente o céu ficou nublado. Chove aqui dentro, trovões berram em meus ouvidos e nada sinto. Nem medo, nem coragem. Somente letargia. Há um transbordo de minha angústia que me fez em algum momento perder minha alegria. Sinto que mudei. E verdade quando falam que você de agora já é diferente do você de minutos, dias, meses, anos atrás.
Achei que não haveria mudança em mim e que eu tinha continuado sendo eu de ante. Mas não, não sou! Me vi errado no compasso de uma dança, me vi com medo de falar que tenho medo, me achei escondida de baixo da pia de uma casa qualquer em ruínas... um choro compulsivo, um medo da vida!
Anos amando minha solidão, anos brindando e dançado pela sala com meu silêncio sorrindo altos deixando as bochechas vermelhas dos vários ritmos que quebravam meus medos. Sim, quebravam pois a solitude era de confiança, amor, era cumplicidade era admiração...
- Mas e agora? - Agora me divorciei da solitude e percebo o quão frágil e debilitada de companhia estou. - Você cansou de ser sozinha? - Sim! Cansei de ter coragem só... E não ligo se alguém disser que enlouqueci, porque sim! Sim... eu admito que faz falta uma voz, me faz falta uma presença, me faz falta um cuidado. Minha alegria parece que amadureceu tanto que apodreceu... Não consigo ser louca e inconsequente sem que me pergunte o quão ridículo vou ficar.
- conte-me sobre isso..
Dia desse ao fazer um café. Acordei sob uma poça de água ao meu lado e o chão frio adormecendo minha pele roxa. Acho que apaguei! - como assim? - Apaguei, lembro de pegar água para esquentar para o café e acordar no chão da cozinha... - Não chamou ajuda? - Sim, liguei para 2 ou 3 pessoas... todas indisponíveis! - E o que você fez? - levantei, olhei o cenário a minha volta, tentei lembrar o que aconteceu e a cabeça estalou e uma dor horrível me tomou. Levantei, peguei minha bolsa chamei um uber para algum hospital que mais perto. - tadinha! - E o que ouço de todo mundo, "coitadinha" - eu gostaria de ser ausente na sua vida, acho que precisamos de um tempo, Não acha? - não sei. Só queria ser alegre como era antes e não sentir que carrego um fardo nas costas... - Lembra quando dizia que queria rodar o mundo? - lembro. - E você foi... olha onde você esta agora! Não é suficiente aqui? - Não. Não é! Queria te pedir para ir embora. Mas que pudesse ficar me observando de longe para me sentir segura e confiante quando necessário... você me entende? - sim! Entendo e lhe apoio. você vai ficar bem? - não sei responder, porque há medos bobo em mim. - Promete continuar sendo transparente, sincera com teus sentimentos? Que não irá tolerar ninguém tirar sua liberdade ou fazer dela alimento para sonhos e voos de outras pessoas sem a sua presença na jornada? - não. Não lhe prometo nada... preciso só achar sentido na risada, na loucura, no prazer e no ser humano ... Do contrário, a morte quem sabe, me leve na hora exata em que o sorrir for doloroso e a gargalhada for pavorosa e o prazer extrair lágrimas.
- Querida Simone, seja menos poética com a vida, com os humanos, com suas escolhas e com seus amores... Você sucumbirá e nunca compreenderá de fato o que seja real, visceral e doido. Viver é isso. Já poesias, são suspiros de quem já entendeu a brevidade da vida com alegria. E ultimamente te vejo suspirando aos montes, ao invés de respirar!
E foi então que a angústia foi tomar um ar, enquanto a solitude dava mais um nó entre a gente. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 30/07/2022
Alterado em 30/07/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |