Eu quero muito...
Encarar a minha hipersensibilidade para os meus sentimentos negativos,
Acordo mal humorado, já julgo que o dia vai ser péssimo, Falaram o que não gosto de ouvir, fico chateado, Chego tarde no trabalho, julgo-me incompetente, Terminei um relacionamento, lá vem a frustração, Passa a música que detesto na rádio, aí fica fácil, mudo de estação, Mas porque razão quando me sinto abatido, frustrado, mal-humorado, ansioso, decepcionado, irritado, deprimido, não mudo de estação de rádio na minha mente? Será que me apego à minha música mental negativa, depreciativa e maledicente? Será que julgo ser os acordes dos meus sentimentos, a batida do meu humor, a sonorização da minha voz crítica? Mas que melodia é essa que me deixa de rastros, de onde vem, quem a está a redigir? Quem é o maestro da minha orquestra mental? Eu? sim eu, Confundo-me com os instrumentos da minha dor emocional, Sigo ao seu ritmo, Um ritmo empobrecido pela minha incapacidade de segurar na batuta e impor o meu compasso, Ilusoriamente fui-me deixando conduzir, Fui deixando que a música da minha vida passasse a ruído estridente de instrumentos sentimentais mal calibrados, Mas eu ainda sou o maestro, Sou aquele que pode escrever, ler e fazer expressar uma nova partitura, Posso orientar e fazer soar adequadamente todo o meu conjunto instrumental, Emoções, crenças, atitudes, pensamentos, sentimentos, voz crítica, tudo está sob o meu comando, Oriento, e faço tocar a música que quero ouvir, Faço tocar o que ouço, Ouço o que faço tocar, Que bela melodia é tocada no meu aparelho mental.
Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 14/02/2020
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