... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Uma mulher procurou um monge e disse que não aguentava mais sua vida. Ela estava saturada de tudo e queria se purificar interiormente. O monge virou-se para ela e disse: – Já vou falar com você, mas antes segure minha bolsa aqui, por favor.

A bolsa do monge era bem grande e pesada. A mulher ficou revoltada e não entendeu o motivo disso. “Eu venho procurar ajuda e ele me faz de empregada?” pensou. No entanto, resolveu fazer o que ele pediu. O monge disse: – Agora vá até a cachoeira aqui ao lado e lave suas mãos, mas sem soltar a bolsa.

A mulher, meio contrariada, caminhou até a cachoeira e tentou lavar suas mãos. Entretanto, percebeu que não poderia fazer isso, a não ser que soltasse a bolsa. Voltou ao mosteiro e falou para o monge que não tinha como lavar as mãos segurando a bolsa. O monge disse: – Agora pegue esses papéis para mim.

A moça tentou pegar, mas por estar segurando a bolsa grande, disse ao monge que não conseguiria pegar. O monge disse: – Claro… Você não consegue por um motivo muito simples: nossas mãos precisam estar vazias para que possamos lava-las. Mãos cheias de coisas não podem ser lavadas e tampouco são capazes de pegar outras coisas; elas só podem ficar com o que já estão carregando.

Por isso, aqueles que desejam se purificar e se renovar em espírito, precisam soltar as coisas e permanecerem vazios de tudo. Devem soltar as cargas e estar com as mãos abertas para a vida, a fim de se limparem e de recepcionar a renovação, o novo nascimento. Não adianta desejar que a renovação ou a transformação chegue em sua vida se sua mão continua agarrada a milhares de coisas e não solta as cargas antigas, que você já conduz há muito tempo.
Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 01/05/2019
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