SOBRE A SOLIDÃO
Muitas pessoas têm sérias dúvidas quanto a isso: Como lidar com o sentimento da solidão? A resposta é simples… Gostando de sua própria companhia… Quem não gosta da própria companhia, vai ficar sempre sentindo falta do outro, esperando o outro e carente pelo outro. Aquele que se ama, não sente solidão… mas aquele que não se ama, necessita sempre do amor do outro para se sentir bem. A solidão não vem da ausência do outro; vem de uma ausência de nós mesmos. Como dizia Sêneca: “A solidão não é a falta do outro… é a falta de si mesmo”. Na maioria das vezes é a própria pessoa que se isola… e fica só. Criamos um muro, uma fortaleza de proteção que nos impede o contato com a vida. Essa muralha emocional nos torna frios e vazios… e nossa solidão só aumenta. Por outro lado, não existe estar só… existe apenas o sentir-se só. Como diz o ditado: Uma pessoa pode chorar de solidão envolta por uma multidão… E outra pode louvar a gratuidade de sua própria companhia no alto inóspito de uma montanha. Não duvide disso: pior do que estar só… é conviver com pessoas que nos fazem sentir a solidão. É preferível estar sozinho do que relacionando-se com uma pessoa que nos traz solidão. É certo que homens e mulheres têm necessidade de momentos de solidão. A ausência de contato humano nos ajuda no mergulho interior e na revisão de nossa vida. Precisamos de momentos de exílio, afastados de tudo e todos, a fim de recarregar nossas energias e limpar nossos pensamentos. “Graças a Deus minha família não me deixa experimentar a solidão”, dizem alguns. Mas e se um dia sua família não estiver mais ao seu lado? Você conseguirá encontrar refúgio em ti mesmo? Como disse Buda: “Faça de ti o teu próprio suporte. Não confieis em nenhum suporte externo a vós”. O egoísmo também exacerba nossa solidão… Passamos a vida perseguindo apenas nossos interesses, vantagens e benefícios. Vivemos regidos pelo mantra do “eu, eu e eu”. Olhamos apenas para nós e nossa própria necessidade, como se isso bastasse para viver bem. Esse egocentrismo aumenta a distância entre nós e as pessoas… entre nós e o mundo, entre nós e o amor… Tudo isso gera um abismo de solidão e de infelicidade. O ego está sempre isolado de tudo… já o espírito está sempre buscando harmonizar-se com tudo. O ego vive numa repetição infindável de seus próprios anseios que geram carências. A competição é sempre solitária… mas a cooperação é sempre coletiva, comunitária e inclusiva. Muitos não desconfiam… mas aquele que vive apenas para si mesmo, é sempre sozinho; Por outro lado, aquele que vive pelo coletivo… nunca está sozinho. Entenda isso: aquele que deseja fazer o bem não pode se importar com a solidão. O mundo não será acolhedor a essas pessoas. O mundo ama aqueles que se acomodam ao sistema e não aqueles que o questionam. O sábio é naturalmente sozinho, mas ele não se importa com isso… Ele não busca aprovação nem compreensão. Por isso ele se torna sábio… O estar consigo mesmo… o silêncio, o isolamento, tudo isso pode nos tornar livres de tudo. Aquele que precisa do outro para estar bem, esse estará sempre perdido no cárcere da solidão. Aquele que não precisa do outro para estar bem rompe as grades da solidão e se liberta. Aquele que vive julgando os outros, sendo intolerante e se supondo superior, esse sobe num pedestal que ele mesmo criou. Do alto de sua arrogância, ele está sempre afastado de tudo, longe da realidade e, claro… amargando a solidão. O segredo da felicidade é aprender a se amar para sermos felizes sozinhos. A solidão não é um isolamento das pessoas. Ela é, isso sim, uma condição interior, uma falta, um estado de ausência de nós mesmos… E, claro… uma falta da essência da vida em nós. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 24/06/2018
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