... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

Textos


Pensei que jamais fosse ver teus olhos de jabuticaba... Um ano? Dois? ja não lembro... Lembro de minha frase ao te dá o ultimo beijo (Vá! E lembre-se, não ha entre nós nenhum mal entendido...). E agora aqui, numa cidade tão pequena, te achei! Os mesmos olhos brilhantes, o mesmo sorriso branco... E acho até que demorou pra acontecer.

Estática e com olhos vidrados em tua imagem que entendi que estava perdida... Perdida em algum lugar de ti. E novamente, me perdi quando te encontrei.

Desconcertada e tremendo enquanto fingia estar lendo um cardápio que só tinha você em tudo que não conseguia ler... Mais as fotos ilustrando a comida eram partes suas que desejava degustar. Apertava os lábios como se fosse tua pele entre eles...

 
Meus amigos me olhavam esperando um pedido meu com voz louca de "Vamo embora daqui!" . E escuto de alguém na mesa... dizer se não era melhor ir embora ou irmos para outro lugar e eu respirei fundo e sorri da tentativa maluca de mostrar pra mim mesma que estava tudo bem.

Avistei o belo garçom de ombros largos e rosto quadrado do Jony Bravo e o chamei roca e segura... O garçom abre um sorriso e pergunta "o que eu iria querer?". (Aquele homem ali por favor -  pensei) Não sei. O que me sugere?
Estava em dúvida entre cerveja, vinho ou uma dose de coragem, mas me parece que a última opção estava em falta, ou, pelo menos foi o que eu passei a sentir.
 
De canto de olho via você tão lindo sorrindo enquanto conversava com os seus amigos. Por um segundo tudo ao redor sumiu e silenciou... Eu queria ser qualquer um de seus amigos e senti teu hálito, teu perfume... E olhar teus olhos daquele meu jeito de atear fogo em tuas pernas e então te falar sem parar o quanto eu amei o seu novo sorriso e que a falta de cabelo te passava a imagem de um homem que me molhava a calcinha pelo poder que me olhava... E eu sem graça pra quebrar o clima diria... Que o teu bumbum ainda fica lindo dentro de um jeans e me derreto ao ouvir sua gargalhada!
 
Eu queria ser aquela menina de tempos atrás, explosiva, tempestiva e cheia de atitude para te escrever um bilhete dizendo "olha pra trás" e pedir pro garçom te entregar, mas no fundo eu estava com um tremendo pavor do encontro do nosso olhar..
 
Eu queria poder sentar na tua mesa, bem ao teu lado, te fazer um carinho, dividir a bebida e dizer "olha, nossa música está tocando", e estava. Com o choro preso enquanto tentava entender tudo aquilo que se passava comigo, aquele turbilhão de sentimentos, parecia que ali só existia eu e você. A lágrima ali, quase saindo pra fora, optei em ir embora, mas percebi que você também já estava indo.
 
Atrás de você na fila do caixa, eu fazia um imenso esforço pra tentar lembrar porque nós terminamos, onde foi que nos perdemos e porque nos encontramos. Ah! Lembrei, você tinha descidido voltar pra sua familia... Pra mãe dos teus filhos, tentar ser feliz mesmo dizendo que me amava! . Engoli o choro na fila do caixa...
 
Mais você me viu e desviou o olhar antes mesmo que eu abrisse meu sorriso. Como aquilo doeu! Pareceu um tapa... Por alguns instante senti o rosto rubro e quente, igual o peso de um tapa.
 
Queria sair dali... Ou ir tirar satisfação com você! Mais, eu preferia chorar ali mesmo, deixar a lagrima descer feito rio... mal consegui entender o que a moça do caixa dizia; Te olhava mesmo assim e sem paciência pra pegar o comprovante do cartão eu gritei pra moça do caixa "Não! Não preciso de comprovante... passa logo isso no debito! e só me deixa ir embora".

Mais a verdade e que eu quereria impedir que você partisse mais uma vez... Sumiste de meus olhos e meu estômago gelou... 
Lá! Lá fora você estava... Parecia que estava a me esperar, me olhava enquanto eu saia, tudo acontecendo quase que em câmera lenta e eu já não sabia mais como andar. Mas você foi embora.

Enquanto caminhava em direção ao carro, a cada três passos olhava pra trás, como se quisesse ficar. As lágrimas transbordaram em mim e quanto mais longe você estava, mais em mim doía. Achei que em algum momento você voltaria ou que eu tivesse forças o suficiente pra correr até você, mas não.

 
O medo de você, o medo de saber que tua vida estava bem... Que você estava feliz sem mim. Me fez entender, que amor e outra coisa e sexo era o que de melhor havia entre nós...

 
Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 26/12/2017
Alterado em 27/12/2017


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