texto antigo, 14 de fevereiro de 2014
Que algum dia, não muito distante, eu possa olhar pra trás, pra cada fio descosturado da roupa da minha vida e perceber que, tudo que estava fora de lugar foi vestimenta necessária para tornar-me maior em algum sentido. Que eu me saiba vitoriosa quando consegui valorizar a exaustão que precisei chegar antes de vir à tona. Que eu me saiba grande através das lágrimas e de todo suor que até hoje me escorre alma afora, por tudo que carrego dentro, por tudo que me aflora. Que eu não me culpe por ser tão à flor da pele diante de qualquer sentimento e por acreditar demais em sonhos, mesmo que o sono não me chegue ou mesmo que sequer anoiteça para fazê-los palpáveis. Que algum dia, eu segure firme nas mãos do destino e feche os olhos, como quem confia, com fé, que minhas asas e meu voo sempre dependeram também dos meus medos, pois sem eles eu nunca poderia dar o primeiro passo, tomar o impulso, tomar fôlego e encher o peito só do que me emociona. E que nesse dia, quando o sol beijar minha pele e fazer dourados meus sorrisos, que eu possa chorar de comoção, como o choro de um recém-nascido que respira a vida pela primeira vez fora do ventre materno. Talvez seja por isso que quase tudo dentro de mim é assim, meio eterno, meio recomeço, meio renascimento. Tanto as tristezas quanto as alegrias brindam uma sempre visita para me deixar um incremento de que continuo todo dia, inacabada... E que eu não me julgue quando não souber o caminho, quando sentir que não sei mais nada, quando der vontade de mudar o rumo abrindo a janela para um novo vento entrar. É porque certas coisas sinto que posso costurar e fazer roupa nova pra alma. E o que ainda bagunça a alma, eu arrumo para recomeçar. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 14/02/2017
Alterado em 14/02/2017 |