... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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O desempenho dos “chefes” dentro da organização é o fator determinante para satisfação dos funcionários e desempenho da equipe. De acordo com a ANPT (Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho) cerca de 40% dos brasileiros se sentem insatisfeitos em suas relações trabalhistas. Por esta razão, hoje é imprescindível que o chefe reúna qualidades as quais o aproximem de um gestor ideal. O líder ideal deve manter um bom relacionamento interpessoal no local de trabalho e este é um dos seus maiores desafios. 

“Os principais problemas no local de trabalho são a falta de comunicação e saber como equilibrar diversos perfis comportamentais e de personalidade neste ambiente. Por isso, o líder que chega próximo ao ideal é aquele que sabe deixar sua equipe à vontade, motivando-os e cobrando-os no momento certo”

Desgaste é gerado por má gestão

Grande parte dos desgastes no trabalho são gerados por problemas de gerenciamento dos líderes. O chefe que se coloca em uma posição superior a de sua equipe é um dos menos favoráveis tipo de liderança. “O pior chefe é aquele que precisa provar que ele é o chefe. Ele não sabe ouvir e não sabe dividir o sucesso da equipe entre todos. Este tipo nunca consegue parabenizar ninguém, pois ele se põe em um patamar diferente ao dos seus chefiados, esquecendo que uma organização envolve o trabalho de um grupo de pessoas e não só o dele”.

Líder ideal só existe em contos de fada, diz especialista
O consultor e sócio-diretor da empresa paulista Ateliê Desenvolvimento Humano e Organizacional, Paulo Affonso dos Santos, tem mais de 27 anos de experiência na área de Recursos Humanos de organizações de grande porte, dentre as quais, a GM do Brasil, PepsiCo (Elma Chips), Intelig e AT&T.

Para o especialista em administração de empresas, existe uma média de 60% a 75% de incompetência gerencial nas organizações brasileiras, o que resulta diretamente em altos níveis de insatisfação e problemas relacionais no ambiente do trabalho. Segundo Santos, lidar com estas dificuldades e com diferenças de personalidades é um dos grandes desafios dos gestores em todo o país. Confira as opiniões do executivo sobre o tema:

Quais são as principais dificuldades de relacionamento no ambiente de trabalho, atualmente?
Roberto Affonso dos Santos: As dificuldades de relacionamento no trabalho hoje em dia não são muito diferentes em sua essência com as do passado que eu conheci. Talvez o que tenha mudado é a velocidade e a intensidade com que as informações fluem -as boas e as más. Outro aspecto acirrado nos dias de hoje é a competitividade, determinada pela gana de resultados de curto prazo e a globalização que ameaça empresas e empregos da noite para o dia. Por isso, as pessoas estão mais sensíveis, mais defensivas e agressivas. Porém, a natureza dos problemas de relacionamento não mudou muito: ciúmes, inveja, insegurança, fofocas, mau caráter, explosões emocionais, abuso de poder, etc. já existiam no começo do século passado, na Era Industrial, pré-Era da Informação e Conhecimento.

Dentro dos tipos de chefe que o senhor descreve em seu artigo ‘O teorema do chefe’, quais os mais característicos e como o chefiado pode lidar com cada um deles?
RAS: ‘Chefe analítico’ é aquele ou aquela que nunca largou a calculadora e o manual técnico. Este tipo sempre vai lhe pedir mais um dado, cálculo, gráfico para poder tomar uma decisão simples como comprar clipes ou post-its para o mês. Para estes, quanto mais números, com mais casas decimais melhor. Não tente cortar caminho ou subestimar a importância de cada passo dos processos ou dos detalhes dos procedimentos e normas da empresa. Tudo deve ser considerado nos mínimos detalhes antes de se chegar a uma conclusão e decisão. Prepare-se muito bem para fazer uma apresentação ou tentar vender um projeto para um chefe desse tipo.

O ‘Narciso’ se alimenta da admiração que tem de si mesmo -sua inteligência, elegância, competências técnicas, capacidade de liderança. Sua posição no organograma o lembra no palco e parece estar sempre sob um canhão de luz. Para estes, é preferível levar sua paciência e esperar seu show terminar, pedir bis, para finalmente você poder fazer sua “ponta” na super produção do ‘Narciso’ também chamado de ‘Arrogante’, metido a besta e outros nomes mais censurados, dependendo da vítima feita por ele ou ela.

O ‘chefe máquina’ é aquele que está sempre acelerado
e cobrando resultados, direto ao assunto e sem tempo ou paciência para as “abobrinhas” que você gostaria de compartilhar com ele ou ela. Pode parecer ruim trabalhar com este tipo, mas pelo menos, se você souber o que a empresa espera dele, saberá para onde você deve se dirigir e com que velocidade. Com eles, o melhor é procurar sempre começar do fim para chegar ao começo, isto é, quando for apresentar uma idéia, apresente sua conclusão e depois forneça tantos subsídios quanto ele tiver tempo para pedir.

O ‘bonzinho’ é compreensivo e dificilmente nos diz não, mas também não diz sim e fica sempre em cima do muro para não nos magoar. O mais difícil é ter um feedback direto e claro sobre seu desempenho. Quando chega o dia da avaliação também não se recebe o sonhado aumento de mérito porque afinal ele também não soube “vender” a idéia para o chefe dele, pois muitas vezes, ele pode também ser acometido de surtos de puxa-saquismo e não desafia seus superiores. Com estes, o melhor é não se contentar com a ausência de feedback e os constantes “talvezes” para nossas propostas. Desperte o lado “bad boy” do chefe para você não estancar sua carreira na zona de conforto de suas falsas benevolências.

O que seria o chefe ideal? Ele existe?
RAS: Não sei se seria exagero dizer que o chefe ideal pode existir no campo da mitologia e crendices, como Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, mas na vida real de nossas carreiras, encontramos bons chefes em períodos de sorte, que podem ser mais ou menos longos, mas mesmo nesses conseguimos encontrar falhas. Uma estatística diz que há entre 60% e 75% de incompetência gerencial nas organizações. Por isso é muito mais fácil se ler pesquisas, estudos e livros sobre líderes incompetentes ou, como eu chamo, os “chefes-mala” do que os “chefes ideais”. Outra pesquisa feita com mais de um milhão de empregados levou à conclusão de que os “chefes-mala” são a maior causa de rotatividade nas empresas.

Qual é a maior dificuldade para que os gestores se aproximem do parâmetro ideal?
RAS: Podemos dizer que aquele que se aproxima do ideal é o que não precisa e não quer parecer chefe. Aquele que não requer que saibamos “lidar com ele(a)” e que sabe que sua equipe é composta por individualidades e diversidades que como tal precisam ser geridas, lideradas pelo exemplo.

Na sua opinião, qual é o pior tipo de chefe? Já teve que lidar com ele em alguma ocasião?
RAS: Essa é uma pergunta difícil e a resposta varia muito entre as pessoas. Por exemplo, um subordinado analítico pode achar terrível um “chefe máquina” pois ele não valoriza todos os detalhes que ele gosta de dar sobre qualquer assunto. As pessoas trabalham melhor, como chefes ou subordinados, com aquelas pessoas que têm os mesmos valores e estilos sociais. Porém, eu não tive a infelicidade de lidar com um chefe temperamental ou brutal que me desrespeitasse. Acho que o explosivo e o desonesto são os piores tipos de chefe e os maiores pecadores.

Uma má liderança pode afetar a forma como uma equipe trabalha?
RAS: Não só como uma equipe trabalha como os resultados de uma organização inteira, dependendo da altura em que ele ou ela se encontra no organograma. A palavra chave é termo ‘equilibrada’ adjetivando a liderança, como responsável por desempenho produtivo e bom clima de trabalho. O interessante é que são características que podem até ser pontos fortes, mas se exagerados e cruzarem a linha do equilíbrio, eles se tornam pontos vulneráveis que afugentam os talentos sob seu comando. Na tentativa de dar uma recomendação para líderes em exercício e em formação, diria que explorassem todas as oportunidades para ampliarem seu autoconhecimento e a partir dele investir pesado em seu autodesenvolvimento, pois afinal, em matéria de liderança, somos todos eternos aprendizes.


Fonte:
http://www.administradores.com.br


Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 22/07/2010
Alterado em 09/03/2011


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