Trecho do livro "O Pequeno Príncipe" de Saint Exupéry, o autor que mais se aproximou na forma de descrever a alma feminina...
(...) Mulher deseja ser amada e não ser entendida. Deseja ter a sensação de que, dentre tantas outras, é única. (...) A rosa... Igual um coração de mulher... - Ah! Eu acabo de despertar. Desculpa. Estou ainda toda despenteada. O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto: - Como és bonita! - Não é? Respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo em que o sol... - O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente! - Creio que é hora do almoço, acrescentou ela. Tu poderias cuidar de mim?... E a convivência entre eles foi intrigando o Pequeno Príncipe: É bem complicada essa flor... pensava ele. Mas quando saiu de seu Planeta em busca de respostas sobre a vida e o amor, um dia confessou ao amigo, na Terra: - Não a devia ter escutado. Não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar seu perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. ... Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar. Depois de se decepcionar por descobrir tantas rosas iguais àquela que deixara em seu planeta, acreditando ser a única em todo o Universo, ele aprendeu sobre cativar: se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. E mais do que aprender a amá-la, ele aprendeu que uma flor, assim como uma mulher, pode ser única, ainda que existam milhares iguais a ela. E, então, diante de um jardim, amou enfim a sua flor: - Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém... Sois belas, mas vazias. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que matei as larvas. Foi a ela que escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 08/03/2009
Alterado em 21/05/2010 |