![]() 12/08/2025 20h27
“Ainda estamos falando sobre liderança?”
Décadas se passaram desde que os primeiros livros sobre liderança moderna começaram a circular nas estantes das empresas… A era do comando e controle parecia em declínio. Vieram os gurus da gestão participativa, da escuta ativa, da empatia como diferencial competitivo. Vieram os MBAs, os workshops de liderança com propósito, os TED Talks com frases de efeito e a promessa de um novo tipo de líder. Mas cá estamos… Ainda falando sobre liderança. Ou melhor: ainda tentando entender por que, em tantos lugares, a liderança ainda chega como ruído, imposição e desequilíbrio. Não é sobre ignorar a necessidade de transformação. Nem sobre resistir à chegada de novas pessoas com ideias diferentes. Toda organização saudável precisa de sangue novo, coragem para mudar, senso de urgência e capacidade de execução. Mas há uma linha tênue entre a liderança que transforma… E a que desestrutura. Há líderes que chegam fazendo, mas não escutam quem estava...Líderes que trazem “os seus” e criam zonas de blindagem e privilégio, não times. Líderes que desprezam a cultura existente, ironizam os processos, menosprezam as pessoas que sustentaram o chão da operação durante anos… Como se “fazer diferente” significasse, obrigatoriamente, destruir o que existia. Como se para provar resultado fosse preciso provar também que tudo antes era um fracasso. Pior ainda, há quem conduza times pela força do medo. “Se não está satisfeito, peça para sair.” “Quem quiser trabalhar do meu jeito, fique. O resto, a porta está aberta.” Esses discursos, ditos ou sugeridos, criam muito mais do que uma cultura de urgência: Criam uma cultura de silêncio, de autoproteção, de falsa produtividade. As pessoas “produzem”… Mas com medo... Com receio de falar, de apontar falhas, de propor algo diferente. Com vergonha de ser “do time antigo”, como se isso fosse sinal de mediocridade. Esse tipo de liderança não constrói equipes... Constrói castelos... Cheios de muros, torres de vigilância, e salas de churrasco só para os convidados do rei. E quando o assunto é mineração, chão industrial ou qualquer operação de alto risco…Esse estilo de liderança é ainda mais perigoso. Porque aqui, o erro não é só um número ruim no dashboard. É acidente. É impacto ambiental. É risco de vida. Por isso, não: a gente não pode normalizar mais esse tipo de postura. E também não pode romantizar o silêncio dos que “aguentam calados” porque isso só aprofunda a ferida. Liderança é sobre resultado, sim. Mas resultado com responsabilidade. Com coerência. Com clareza técnica e respeito pela história de quem já estava ali, mesmo que seja para fazer diferente. Se ainda precisamos falar sobre liderança em 2025… Que seja para provocar. Para rever o que estamos aplaudindo. Para lembrar que não é porque alguém faz acontecer, que isso é, de fato, liderança. Às vezes, é só ego… Com orçamento aprovado. ✍️ Escrito por uma profissional que aprendeu a reconhecer um líder… não pela autoridade, mas pela escuta. E que acredita que confiança, respeito e ética seguem sendo ferramentas de transformação — mesmo quando o sistema insiste em escolher o atalho.
#Liderança #CulturaOrganizacional #Gestão #SegurançaPsicológica #Mineração #ComportamentoHumano
Publicado por Monet Carmo em 12/08/2025 às 20h27
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