![]() 10/06/2025 22h17
Descobri que sou neurodivergente. Não tarde demais, mas quase.
Passei boa parte da minha vida acreditando que eu era o problema. Ou intensa demais. Ou desorganizada demais. Ou rápida demais pra um mundo que gosta das coisas em fila indiana.
Até que veio o nome: neurodivergente. Não como rótulo, mas como chave. E tudo fez sentido.
As crises de exaustão sem causa aparente. A hipersensibilidade às luzes, aos sons, às pessoas que falam alto e pensam pequeno. A necessidade de silêncio profundo, logo depois de um momento de euforia criativa. A dificuldade em seguir regras que não fazem sentido, mas que todo mundo parece aceitar sem pestanejar.
Meu cérebro não é linear. Não caminha. Ele salta. Intui. Conecta. E às vezes trava, por excesso de estímulo, de cobrança, de barulho.
O nome neurodivergente não me limita ele me explica. Ele não me reduz. Ele me liberta de um esforço constante para ser aquilo que os outros chamam de “normal”.
Mas deixa eu te contar uma coisa que ninguém fala: Descobrir isso na vida adulta não vem só com alívio. Vem com luto. Vem com raiva. Vem com perguntas sem resposta, como: "E se tivessem me entendido antes?" "Quantas crises poderiam ter sido evitadas?" "Quantas vezes fui chamada de difícil, quando eu só era diferente?"
A sociedade não é gentil com o que ela não compreende. E a neurodivergência esse jeito diferente de existir muitas vezes é percebida como erro. Mas não é erro. É outra linguagem. Outro compasso. Outro mundo que pulsa debaixo da superfície.
Hoje eu me aproximo de mim com mais ternura. Eu entendo por que o cansaço. Por que a confusão. Por que a intensidade. Por que a solidão mesmo em meio à multidão.
Sou neurodivergente. E isso muda tudo.
Não porque muda quem eu sou. Mas porque me dá o direito de ser, sem precisar me consertar o tempo todo. Publicado por Monet Carmo em 10/06/2025 às 22h17
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