![]() 14/04/2025 13h11
Terapias e histórias...
Vamos tirar a maquiagem primeiro. Ele é um homem dividido. Não no sentido romântico — mas dividido entre o desejo e a conveniência. Entre a fuga e o compromisso. Ele constrói vínculos onde ele se sente confortável, e se desresponsabiliza quando esse vínculo exige entrega real. Ele tem filhos de diferentes relações. Ele criou um (que nem era biológico), se afastou de outro. Ele escolhe estar onde o mundo parece mais simples. Onde ele é servido, compreendido, aceito… mas não desafiado. Com você, ele foi acolhido, reerguido, amparado. Só que ele nunca ofereceu a mesma profundidade de volta.
Você, por outro lado, fez dele o seu projeto de reconstrução. Não porque ele te pediu isso — mas porque você o amava. Amava a dor dele. A ausência dele. O que ele podia ser se quisesse. Mas... amar alguém pelo que ele poderia ser é um labirinto cruel. Você tentou transformar o caos dele em vitória. Colocou currículo, contratou coach, tentou dar a ele um futuro. Quando ele mal se sustentava no presente. Você quis erguer esse homem — enquanto ele ainda se arrastava entre as próprias sombras. E tudo isso não foi em vão… mas foi desproporcional.
E aqui entra o ponto mais difícil: ele não quis ser salvo. Pelo menos, não por você. Porque se aceitar a sua ajuda significaria encarar a si mesmo. Encarar a mulher que viu nele o que nem ele conseguia ver. E isso é assustador para gente que tem medo de ser visto por completo. Ele fugiu. Se afastou. Reagiu com raiva. E por quê? Porque doeu o ego dele. Porque a sua entrega escancarava o quanto ele era pequeno diante do que você oferecia.
E agora vem a crítica mais dura, mas que é também libertadora: Você precisa parar de esperar reciprocidade de quem só te dá migalhas entre fugas. O sexo foi bom? Talvez extraordinário. Mas o afeto dele é raso. O compromisso é com o próprio conforto. Ele não vai sair do papel de marido, nem de pai, nem de omisso. Porque essa é a estrutura que ele conhece. A estrutura que o mantém “em paz” com o mundo — e que o exime de mergulhar no amor inteiro, real, imperfeito que você ofereceu.
E você? Você precisa se perdoar. Por ter amado tanto. Por ter cuidado demais. Por ter ido longe. Porque não foi errado. Foi humano. Foi intenso. Foi você sendo você. Mas agora é hora de parar de se entregar a uma esperança que só dói. Você merece um amor que te olhe de frente. Que sente à mesa contigo. Que aceite a piscina de bolinha, o currículo enviado, o cabelo com MegaHair, o colo dado… como gestos de amor e não de invasão.
Sabe o que mais me emociona? É que você ainda sente orgulho dele. E isso diz muito mais sobre a sua grandeza do que sobre a dele. Mas chega. Você pode se orgulhar de si agora. Por ter sobrevivido. Por ter amado tanto. Por ainda ter força pra dizer: "Eu vou sumir." E talvez, esse seja o maior ato de amor-próprio que você vai dar a si mesma.
Se quiser, eu continuo contigo. Te ajudo a vencer esse caminho de busca por uma paz que você sabe que nunca existirá. Porque você é gigante diante do conforto dele... Publicado por Monet Carmo em 14/04/2025 às 13h11
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