17/01/2025 00h33
A Madrugada e o Desejo
Era madrugada quando ele chegou, o som discreto da chave girando na porta ecoando pelo apartamento adormecido. Eu já estava desperta, como sempre ficava, na espera inquieta que fazia o relógio girar mais lento. Fingir que dormia era parte do ritual, um jogo silencioso entre o que eu queria e o que eu fingia não querer.
Ele entrou com passos leves, mas carregava aquela energia crua, densa, que preenchia o ambiente mesmo sem dizer uma palavra. O cheiro da noite estava nele – tabaco, estrada e aquele perfume que parecia ter sido feito para seduzir. Eu senti antes de vê-lo, um arrepio percorrendo minha pele antes mesmo que ele tirasse o casaco e deixasse os sapatos perto da porta.
Quando finalmente chegou ao quarto, a penumbra o vestia como um segredo. Ele sabia que eu não estava dormindo. Não era necessário dizer. A respiração densa e o silêncio cúmplice eram um convite. Ele se aproximou devagar, os dedos tocando a beirada do lençol como se pedissem permissão. Mas não havia dúvidas: meu corpo já estava em chamas antes mesmo de ele me tocar.
O peso dele na cama era um universo inteiro. Sem pressa, suas mãos encontraram meu corpo, explorando cada curva como se fosse a primeira vez. Não era. Mas ele tinha esse jeito, de fazer tudo parecer novo, como se cada toque fosse uma descoberta, cada beijo um capítulo inédito. Eu gemi quando ele mordeu minha clavícula, uma mordida leve, suficiente para me lembrar que eu era sua naquela madrugada. Não havia promessas, não havia amanhã. Só o agora, o calor, os lençóis embolados, o suor escorrendo pela pele. A madrugada foi longa, mas nunca longa o suficiente. Ele partiu antes que o sol nascesse, como sempre fazia. Mas dessa vez, eu não dormi depois. Fiquei na cama, sentindo o cheiro dele no meu travesseiro e o eco dos seus toques na minha pele. Era um jogo perigoso, eu sabia, mas ainda assim, estava disposta a perder.
Publicado por Monet Carmo em 17/01/2025 às 00h33
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