... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

Meu Diário
27/03/2017 01h00
Deixei de ter medo ( Texto Jose Micard)

Ao ler esse texto, percebi que poderia vestir a alma de um garoto em transformação (JM)

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Deixei de ter medo de muitos dos meus medos. Já não evito aquilo que me amedronta se for importante para mim. Já não perco tempo com quem quer fazer-me perder o meu tempo.

Aprendi a perguntar rapidamente às pessoas aquilo que querem de mim a fim de evitar perder-se muito tempo em jogos e estratégias mentais que me cansam. Tenho cada vez maior dificuldade em viver no cinzento. Seja branco ou preto, mas gosto de sabê-lo. A idade trouxe para a minha definição de amizade e companheirismo enormes requisitos de honestidade. Abomino falsidade, mentiras ou o diz que não disse. Custa-me lidar com críticas destruidoras e orgulhos de meia tigela.

As pessoas gratas tocam-me cada vez mais no coração. Já consigo ver o insucesso como uma forma diferente de sucesso. Não tenho paciência para pessoas que escolhem palavras para falar ou escrever com enfatuação e usam termos demasiado técnicos, emproados ou espirituais para definir emoções e sentimentos.

Gosto cada vez mais de gente sensível, desde que não o sejam em demasia, porque tal atitude roça inevitavelmente a vitimização. Vibro com pessoas que acreditam nelas próprias e nas suas capacidades. Aborreço-me na companhia de pessoas que só dão importância aos outros pelo seu nome, cargo ou condição financeira. E rio cada dia com mais vontade desta minha disposição para ser um louco, porque só quando me rio é que identifico o lado mais sadio de toda a minha loucura e consigo compreender que é apenas desta maneira que vou chegar a ver aquilo que ainda poucos querem ver, mesmo que isso me cegue ou torne num rebelde para toda a vida.

José Micard Teixeira


Publicado por Monet Carmo em 27/03/2017 às 01h00

Tela de Claude Monet
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